A contribuição à psicologia de Jacob Levy Moreno

A principal contribuição de Moreno à Psicologia encontra-se no fato deste ser o criador do Psicodrama e da Sociometria, técnicas cada vez mais difundidas pelo mundo, inclusive no Brasil onde o número de adeptos cresce a cada dia.
Talvez, as fantásticas teorias morenianas sejam tão atrativas na contemporaneidade por articularem-se à proposta de uma “Revolução Criadora”, isto é, a de recuperar a espontaneidade e criatividade(inatas ao Homem), que são dificultadas ou perdidas no decorrer do desenvolvimento pelas pressões do meio ambiente- o grupo humano mais próximo, como a família, e da rede social em que ela está inserida. Parece muito claro que, num mundo onde as relações se tornam cada vez mais superficiais, uma terapia que estimule a criatividade e aprofunde as relações sociais possua êxito.
Entretanto, não é novidade para os simpatizantes do Psicodrama que Moreno utilizou uma forma pouco sistemática de transmitir sua criação, abrindo brecha para que cada um entenda a teoria e a prática psicodramática à sua maneira e conveniência. È possível observar, inclusive na literatura brasileira, que cada escritor possui uma compreensão diferente dos textos de Moreno, cada um escolhe o eixo principal de sua teoria, uns a teoria dos papéis, outros a matriz de identidade, outros o teatro espontâneo, e assim por diante. Contudo, mesmo essa questão aparentemente aversiva trás uma vantagem: enquanto são demonstradas essas interpretações plurais, pratica-se mais a cada dia exercícios reflexivos. O que parece comum aos autores é que todos entendem o psicodrama como uma aquisição preciosa e libertadora.
Além disso, há quem diga que a teoria moreniana se torna pouco sólida, se for comparada com a teoria psicanalítica. Entretanto, se comparadas, essas teorias possuem alguns aspectos que não são excludentes, mas que se complementam e, em alguns casos, são parcialidades de conceitos psicanalíticos não reconhecidos e rebatizados com outros nomes ou trabalhados sob outros ângulos, como acontece com os conceitos de regressão e fixação. A regressão em Psicodrama não se obtém através da transferência, mas através de cena dramática que torna presente o passado. Tele e transferência em Moreno são conceitos herdeiros do de transferência freudiano. Espontaneidade, essencialmente, está relacionada com o conceito de libido de Freud. Se nos fixamos na cena dramática, esta ,desde o ponto de vista moreniano, fundamenta seu valor da seguinte maneira: a representação dramática é liberadora. O encontro, o compartilhar, a criatividade e o ato espontâneo possibilitam novos papéis e resgatam energias perdidas. Isto levará a uma catartase de integração e a uma catarse do público. A cena é a representação do passado, um lugar simbólico onde se revela o imaginário através das cenas atuais ou manifestas, podendo explorar e elaborar situações conflitivas do mundo externo e encontrando sua conexão com o mundo interno dele ou dos indivíduos, em sucessivas ações dramáticas com cenas antigas e inconscientes. Sintetizando, a cena dramática é, basicamente, a presentificação e corporização que, através da representação, têm os vínculos intrapsíquicos em sua mútua e dinâmica reestruturação com os vínculos interpessoais.
Moreno retomou a idéia de que todos vivem em grupos, desde que nascemos e nossos problemas provêm desse mundo. Partindo desse princípio ele pôde afirmar que, trabalhar em um grupo sem uma fundamentação socimétrica, antropológica e microssociológica, somente com a interpretação da análise individual, é impossível. Pois, favorecer a interação espontânea e livre, através da integração do indivíduo e do grupo é como se fosse uma regra fundamental.
Fez um consideração de alta relevância ao denominar que a transferência pode ser a expressão da dissociação e desequilíbrio do grupo.
Sempre levou em consideração as normas éticas e científico-técnicas, ao se deter no papel de psicodramaturgo e psicoterapeuta de grupo. Dando conta, de regras e normas de grupos como sigilo, os honorários iguais, a seleção de pacientes a livre expressão, o cuidado do indivíduo e do grupo, a utilização de métodos cientificamente comprovados.